sábado, 23 de julho de 2011

Vivo está quem desaprende...


O essencial é saber ver, mas isso, triste de nós que trazemos a alma vestida, isso exige um estudo profundo, aprendizagem de desaprender. Eu prefiro despir-me do que aprendi, eu procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desembrulhar-me e ser eu.
Autor: Alberto Caeiro

domingo, 17 de julho de 2011

Esperanceando...




Bons ventos para nós...
Para assim sempre
Soprar sobre nós...

* Sina nossa - O Teatro Mágico

Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar...

Clarice Lispector
Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz...

(...) Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor...


O Vencedor - Los Hermanos

Do meu dicionário


Amigos: anjos disfarçados

Amor: uma gota de Deus na gente

Esperança: vontade de continuar

Fé: a força de dentro

Medo: uma coisa feia que aprisiona



Se for cutucar a onça, recomenda-se vara cumprida


Você me provocavocê me perturba. Joga água e sai correndo. Atira a pedra e me acerta de raspão. Me espia no escuro e mostra a língua. Me xinga. Me atiça. Invade o meu sossego. Meu refúgio. Pisa no meu ninho com os sapatos sujos. Na minha toca. Sem saber o meu tamanho, até onde vai meu bote, você me provoca achando que não há perigo. Sem conhecer a força da minha mordida, o tamanho dos caninos. Você me provoca sem esperar a picada. Sem saber que ainda não inventaram antídoto pro meu tipo de veneno. 

Caio F. Abreu

E alguma coisa a gente tem que amar, mas o que eu não sei mais...*

Eu quero mesmo é alguém me faça mudar completamente de opinião. Que faça meu corpo querer companhia nos momentos em que minha mente insiste pela solidão. 
Caio F. Abreu

P.S: Por enquanto é mode off

*Título: Condicinal, Los Hermanos

sábado, 16 de julho de 2011

De perto eu não quis ver que toda a anunciação era vã...




Deixa ser como será. Tudo 
posto em seu lugar. Então tentar prever serviu pra eu me enganar...

 Retrato pra Iaiá- Los Hermanos



Carpe diem

De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum, era sempre extraordinário. E que a ela cabia sofrer o dia ou ter prazer nele. Ela queria o prazer do extraordinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns: não era necessário que a coisa fosse extraordinária para que nela se sentisse o extraordinário.


Clarice Lispector em Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres 


P.S: Viva a simplicidade! 

E eu caminho em corda bamba até o limite do meu sonho...

 (...) Antes de me organizar, tenho que me desorganizar internamente. Para exprimir o primeiro e passageiro estado de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me. Mas se eu esperar compreender para aceitar as coisas - nunca o ato de entrega se fará. Tenho que dar o mergulho de uma só vez, mergulho que abrange a compreensão e sobretudo a incompreensão. E quem sou eu para ousar pensar? Devo é entregar-me. Como se faz? Sei porém que só andando é que se sabe andar e - milagre - se anda.

Clarice Lispector em Água Viva ( onde eu aprendi que não preciso me entender, apenas ser)

Santa Chuva


Ele diz, como se nada tivesse acontecido: 

Vai chover de novo, 
deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar,
E pede a um santo daqui que reza a ajuda de Deus,
mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim,
Vem cá que tá me dando uma vontade de chorar, 
Não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade

E ela responde lembrando de tudo que aconteceu:

Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?
Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher? 
Você me parecia tão bem,
A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar,
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha tv que eu vou de vez,
Não há porque chorar por um amor que já morreu, que nem nasceu,
Deixa pra lá, eu vou, adeus.
Meu coração já se cansou de falsidade...

Letra: Marcelo Perfeito Camelo